Aposentadoria: juiz da Vara de Violência contra a Mulher deixa a magistratura
Os desembargadores do Órgão Especial aprovaram, na sessão desta quarta-feira (17), pedido de aposentadoria do juiz José Carlos de Paula Coelho e Souza, da 2ª Vara de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher da Capital. Assim, ele encerra uma carreira de 30 anos de trabalho dedicados à prestação jurisdicional. Alguns integrantes da magistratura surpreenderam-se com o pedido aposentadoria, por considerarem que José Carlos tinha muito ainda a contribuir na difícil missão de distribuir justiça. Outros entenderam o sentimento de dever cumprido com a sociedade e a vontade de se dedicar à família.Para o juiz Djailson de Souza, José Carlos é um homem de muita lealdade, vocacionado para ser juiz por ter a medida do justo. Os dois se conhecem desde o início da década de 80, quando José Carlos trabalhava no Banco do Brasil e Djailson era titular de cartório de protesto, que ficava próximo do banco e fazia o depósito dos credores que mandavam os títulos para o processo, naquela agência.José Carlos e Djailson cursaram Direito juntos em Dourados e viajavam juntos no mesmo ônibus. Formados, combinaram de advogar juntos, mas um deles recebeu convite da integrar um escritório grande de advocacia e o sonho de ambos não deu certo. Djailson mudou-se para Maracaju, mas a amizade permaneceu.“José Carlos ingressou na magistratura primeiro que eu e, durante a carreira, ficou afastado algum tempo por problemas de saúde, mas sempre vencendo os obstáculos. O Zé é sensato e tem sensibilidade para exercer a judicatura. Sem dúvidas, a magistratura perde muito com sua aposentadoria”, afirmou o amigo.O Des. Paschoal Carmello Leandro, presidente do TJMS, reconheceu o saber jurídico do juiz e a sensatez de suas decisões que farão falta aos jurisdicionados, mas respeita a decisão de aproveitar mais tempo com a família.“A história de vida do juiz José Carlos é de muito trabalho e dedicação. Sua trajetória serve de exemplo para os que ora iniciam na carreira. Desejamos que seja feliz com a nova fase”, disse o magistrado.O juiz Mário José Esbalqueiro Jr, presidente em exercício da Associação dos Magistrados de MS (Amamsul), foi outro a lamentar a aposentadoria do José Carlos, a quem chamou de pessoa séria, justa e correta, ao reconhecer que fará falta para magistratura.“Como tantos colegas, ele percorreu o interior do Estado e conhece as dificuldades da população. Nos últimos anos, a frente de uma das varas de violência doméstica da Capital, desenvolveu trabalho reconhecido pelos demais profissionais do direito que atuam nessa área. É um juiz sério, competente, muito discreto, muito bem quisto pelos colegas e pelos aplicadores do direito. Ele cumpriu seu dever e tem agora outros planos. Da Amamsul ficam os votos de felicidade, saúde e o desejo que novas conquistas venham na vida dele”.Currículo - José Carlos de Paula Coelho e Souza é paulista de Assis, cidade do interior de São Paulo, e ingressou na magistratura sul-mato-grossense em maio de 1989, na 3ª circunscrição, após ser aprovado no XII concurso de provas e títulos. Em março de 1993, uma promoção o levou para a comarca de Aparecida do Taboado. Por remoção a pedido, em julho de 1993, passou a judicar em Angélica. Uma nova remoção levou-o para a comarca de Deodápolis em novembro de 1996. Foi promovido, em outubro de 1999, para a 1ª Vara de Fátima do Sul, comarca de segunda entrância. Foi diretor do Foro mais de uma vez. Em abril de 2003, foi novamente promovido para a 2ª Vara de Dourados. Uma nova remoção trouxe o juiz para a comarca de Campo Grande, de entrância especial onde, desde então, judica na da 2ª Vara de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher. Na Capital, integrou a Turma Recursal.