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Controle de Processos

MPMA discute projeto de lei anticrime

Aconteceu, na manhã desta quarta-feira, 19, no auditório da Procuradoria Geral de Justiça, um debate sobre o projeto de lei anticrime do ministro Sérgio Moro. O debate foi organizado pela Escola Superior do Ministério Público (ESMP) e pelo Centro de Apoio Operacional Criminal (CAOp/Crim). Na abertura dos trabalhos, o diretor da ESMP, Márcio Thadeu Silva Marques, ressaltou a importância de trazer para o debate questões de interesse público, ressaltando que o debate desta manhã unia o conhecimento acadêmico ao dos que fazem e operacionalizam a aplicação da lei. Márcio Thadeu Marques enfatizou, ainda, que a segurança pública é direito fundamental e que ajuda a construir a dignidade da pessoa humana. O coordenador do CAOp/Crim, Cláudio Cabral, destacou a existência de um debate entre representantes de vários setores, todos com conhecimentos sólidos e visões, muitas vezes, pergentes. O promotor de justiça falou sobre o projeto de lei em tramitação no Congresso Nacional, destacando o dever de proteção à sociedade que cabe ao Poder Público. Cláudio Cabral trouxe, ainda, o posicionamento do Grupo Nacional de Coordenadores de Centro de Apoio Criminal (GNCCRIM), vinculado ao Conselho Nacional dos Procuradores-Gerais (CNPG), que analisou o projeto e concluiu que ele solidifica melhorias desde a persecução até a conclusão do processo penal. A procuradora de justiça Themis Maria Pacheco de Carvalho, que representou o procurador-geral de justiça, Luiz Gonzaga Martins Coelho, na abertura do evento afirmou que há uma tendência mundial de endurecimento das leis, o que representa, por outro lado, redução de garantias aos cidadãos, o que se reflete no projeto de lei em discussão. Para a procuradora de justiça, há uma tendência dos legisladores de reduzir as garantias dos que infringem a lei, o que afasta as leis do ideal de ressocialização dos infratores. Themis Carvalho ressaltou, ainda, que o mais importante para o Direito Penal é que as leis sejam efetivamente cumpridas e de forma célere. DEBATE Quatro convidados participaram do debate sobre o projeto de lei anticrime, que foi mediado pelo promotor de justiça Cláudio Cabral: o deputado federal licenciado e atual secretário de Estado das Cidades, Rubens Pereira Jr.; o delegado de polícia e professor Cleopas Isaías Santos; a advogada e conselheira federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ana Karolina Nunes; e o promotor de justiça Rodrigo Brandalise, do Ministério Público do Rio Grande do Sul. Rubens Pereira Jr. iniciou sua fala com alguns números sobre a criminalidade no país, como os mais de 51 mil homicídios ocorridos em 2018, e de como as investigações, na grande maioria dos casos, não elucida esses crimes. Por outro lado, o deputado ressaltou o grande número de encarcerados no país, o que gera enormes custos para o erário. Rubens Jr. fez, nesse ponto, sua primeira crítica ao projeto anticrime, que não aborda esse problema. O parlamentar lembrou, ainda, que o Código de Processo Penal brasileiro data de 1940, tendo entrado em vigor em 1941. Dessa forma, apesar de inúmeras tentativas de atualização, a lei está desatualizada, tendo passado somente por mudanças pontuais. Para Rubens Jr., o projeto apresentado pelo atual ministro da Justiça é mais uma dessas mudanças. Ele defende uma completa reforma do Código de Processo Penal. O delegado Cleopas Santos também falou sobre a dualidade enfrentada entre a necessidade de punição pelos crimes e a garantia de direitos fundamentais. O palestrante abordou, mais especificamente, a questão do acordos criminais, que, segundo ele, já são uma realidade em persas áreas. Apesar de ressaltar a importância da economia processual, o professor manifestou preocupação em relação a alguns pontos como a possibilidade de acordos que resultem em penas privativas de liberdade sem o devido processo legal. Outro ponto levantado foi a possibilidade de admissão de culpa em relações desiguais ou apenas para evitar o andamento de um processo e todo o desgaste financeiro e emocional trazido por ele. A conselheira Ana Karolina Nunes trouxe à discussão uma das preocupações levantadas por um grupo de estudos sobre o tema criado pelo Conselho Federal da OAB, que é a possibilidade de interceptação das conversas entre clientes e advogados nas unidades prisionais. Para ela, essa medida contraria a Constituição Federal, tratados internacionais de direitos humanos e o estatuto da advocacia, pois a impossibilidade de conversas reservadas dificulta a defesa das pessoas em privação de liberdade. Outro ponto levantado foi a respeito das mudanças no que diz respeito à legítima defesa. Uma das preocupações da debatedora foi quanto a crimes como feminicídio, nos quais os autores poderão invocar o argumento de que agiram sob forte emoção. Por fim, Ana Karolina Nunes lamentou que o projeto tenha sido apresentado antes de uma ampla discussão com persos setores da sociedade, o que só está acontecendo posteriormente. O promotor de justiça Rodrigo Brandalise assinalou como ponto positivo do projeto a consciência de que a justiça criminal é parte do problema enfrentado pelo país e que precisa de aperfeiçoamento. Por outro lado, o debatedor vê poucas medidas que permitam a apuração daqueles que estão no topo da pirâmide criminal. Rodrigo Brandalise também criticou o excesso de recursos existentes, citando um caso em que, somente no Superior Tribunal de Justiça, houve nove recursos. Para ele é necessária uma racionalização desses instrumentos. O debatedor também apresentou críticas à forma como o projeto de lei aborda a questão da legítima defesa e define facções criminosas, embora considere que é uma das primeiras vezes em que o Estado brasileiro reconhece, efetivamente, a existência desses grupos. O promotor de justiça também se deteve mais atentamente à questão dos acordos de não persecução penal, afirmando que essa modalidade não aumenta os riscos de condenações injustas. Segundo ele, os acordos precisam ser homologados pelo judiciário, que não o fará se considerar o acordo ilegal, desproporcional ou baseado em provas insuficientes. Para Brandalise, a possibilidade de acordo permite ao réu a possibilidade de exercer o seu direito, ressaltando que a redução de custos não será apenas para o Poder Judiciário mas também para as partes do processo. Ao final, o promotor de justiça abordou as recentes denúncias contra o ministro Sérgio Moro, ressaltando que qualquer ilegalidade cometida deve ser punida mas que pontos positivos do projeto não podem ser perdidos por conta disso. O procurador-geral de justiça, Luiz Gonzaga Coelho, fechou o evento, ressaltando o caráter democrático do Ministério Público e a necessidade de debates que possam contribuir para o aprimoramento da legislação. “Haveremos de alcançar o que é melhor para a sociedade brasileira”, finalizou.
19/06/2019 (00:00)
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