Consciência Negra para todas e todos
CONSCIÊNCIA NEGRA PARA TODAS E TODOS
Por Comissão de Igualdade e Gênero do TJPR
19/11/2021
Atualizado há 811 dias
O termo consciência adquire vários significados nos dicionários, todos eles relacionados com a ideia de percepção dos fenômenos, bom senso, certo e errado, etc. É também considerado como “conjunto de ideias, atitudes, crenças de um grupo de inpíduos, relativamente ao que têm em comum ou ao mundo que os cerca”.
Uma vez que a população preta e parda faz parte do conjunto maior da população do país e dos integrantes das organizações, parece natural e obrigatório que a consciência negra, por incluir as ideias, atitudes e crenças do tal conjunto maior, seja pensada também por ele, especialmente no que se refere a assimetrias e desigualdades.
As assimetrias e desigualdades entre brancos e não brancos são facilmente demonstradas pelas estatísticas, mas a leitura dos mesmos números quase sempre conduz a conclusões e atitudes diferentes por parte das pessoas que são beneficiadas e pelas que são prejudicadas.
Para os beneficiários é mais confortável, seguro e conveniente tentar naturalizar a realidade (“sempre foi assim...”), porém também convém a eles apontar exceções e referir-se a mudanças que não ajudaram a construir (“mas as coisas estão melhorando depois das cotas...”).
O fato é que em março de 2020, segundo informações da Diretoria de Recursos Humanos, o TJPR contava com 8.976 servidores e servidoras efetivos e comissionados. Adotando o critério de autodeclaração usado pelo IBGE, constatou-se que 292 pessoas se declararam amarelos, apenas 5 indígenas e 779 se reconheciam como pretos ou pardos.
Os demais 7.543 servidores e servidoras declararam-se brancos, o que significa um percentual de 84,00% e revela a absoluta predominância nos quadros do Tribunal, já que este percentual supera os 70,08% de brancos que compunham a população paranaense no longínquo Censo de 2010.
A presença de pretos e pardos (8, 67%) é bem inferior ao percentual de 28,45% revelado no mesmo Censo, fato que apenas confirma estatisticamente a imagem real que se exibe aos olhos de quem frequenta Cartórios, salas de audiência, gabinetes de magistrados, etc.
Quando se afastam as motivações nazistas e do racismo científico, este cenário só se explica pela existência de um conjunto de condições e circunstâncias que favorecem o ingresso de pessoas brancas e que inibem o acesso de pretos, pardos e indígenas no serviço público judiciário. Estas mesmas condições e circunstâncias são causas de outras situações de desigualdade desfavoráveis a população preta, parda e indígena muito mais graves e até letais como a fome, o desemprego, o morar na rua e mesmo a vulnerabilidade a contaminação e morte por Covid 19.
A Comissão de Igualdade e Gênero especialmente no Dia da Consciência Negra, reverencia os que lutaram e lutam pela liberdade e emancipação da população afrodescendente e celebra o legado das culturas negras na vida nacional e comemorar os avanços recentes decorrentes das ações afirmativas e do movimento negro.
Além disso, a Comissão se associa às iniciativas que buscam lembrar dos horrores da escravização no Brasil e nas Américas, e convida a todas as magistradas e magistrados, servidoras e servidores do TJPR a refletirem sobre a desigualdade racial e o racismo, suas causas e efeitos nos inpíduos e na sociedade atual, para que possamos evoluir na construção daquela sociedade justa e igualitária com a qual muitos de nós sonhamos.
Por Comissão de Igualdade e Gênero