Instituições do setor agropecuário apresentam sugestões para caprinovinocultura
Entidades públicas envolvidas no incentivo, financiamento e fiscalização agropecuária apresentaram, na manhã desta terça (10), propostas para o desenvolvimento da criação de caprinos e ovinos em reunião da Comissão Especial criada pela Alepe para tratar do tema. Os representantes destacaram a necessidade de aumentar os recursos para assistência técnica e abrir espaços para comercialização dos produtos oriundos da caprinovinocultura no Estado.
“Uma mudança de paradigma seria falar em cadeia comercial, em vez de cadeia produtiva. Seria fazer o que acontece em outros países, onde não se produz nada que não tenha sido vendido antes. O Chile, por exemplo, realiza contratos comerciais com o mundo inteiro e, só depois das assinaturas, começa a produzir”, observou Hildeberto Silva, assessor-executivo da Presidência do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA). Para efetuar essa mudança, segundo ele, seria necessário dar mais estrutura ao órgão, a fim de que levasse assistência técnica às regiões onde se concentra a caprinovinocultura.
O diretor-presidente da Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária de Pernambuco (Adagro), Paulo Roberto Lima, mostrou o quantitativo oficial do rebanho de ovinos e caprinos em Pernambuco. Baseado nos números obtidos nas campanhas de vacinação contra febre aftosa do órgão, são 3,1 milhões de ovinos em quase 79 mil propriedades em todo o Estado, e 3 milhões de caprinos presentes em 56 mil propriedades.
No entanto, para o deputado Fabrizio Ferraz (PHS), presidente da Comissão Especial, o número real desses animais em Pernambuco deve ser ainda maior. “Quase todo o abate é feito de forma clandestina, por isso os produtores não têm acesso nem a compras governamentais nem aos grandes supermercados e restaurantes da Capital”, observou o parlamentar.
De acordo com o diretor da Adagro, a instituição está trabalhando primeiramente para orientar, e não punir os produtores. Lima citou como modelo de desburocratização a ser seguido a legislação criada para as queijarias artesanais. “O custo de licenciamento de uma queijaria, que era de cerca de R$ 4 mil, passou para apenas R$ 800. Isso faz muita diferença para o produtor”, exemplificou. “No caso da caprinovinocultura, obter a ficha sanitária é essencial para que os produtores consigam financiamento”, ressaltou.
Além do IPA e da Adagro, instituições como a Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (AD Diper), Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e Federação da Agricultura do Estado de Pernambuco (Faepe) também mostraram seus pontos de vista na reunião e apresentaram sugestões ao Projeto de Lei nº 314/2019, que pretende instituir uma Política Estadual de Incentivo à Caprinovinocultura. A proposição é de autoria do deputado Fabrizio Ferraz junto com o vice-presidente da Comissão Especial, deputado Waldemar Borges (PSB).
Para o presidente do colegiado, as sugestões darão subsídios para as audiências públicas que deverão ser realizadas nos principais polos do setor. “Precisamos ouvir o que cada órgão pode fazer, para então escutar os produtores e saber como ajudá-los”, explicou Ferraz. “A expedição de selos de inspeção estaduais precisa ser simplificada, precisamos ter acesso a compras governamentais, assim como uma assistência técnica mais próxima dos criadores”, destacou.