Os avanços e conquistas das práticas restaurativas são debatidos no último dia do III Seminário Tocantinense de Justiça Restaurativa e II Encontro de Facilitadores Restaurativos
“Existe um ciclo de violência, e é na promoção do diálogo, enquanto instrumento para administrar conflitos, que vamos recompor laços sociais que existe uma mudança de paradigma e queremos atuar para uma Segurança Cidadã. E isso só conseguiremos através de políticas públicas que promovam a aproximação dos universos simbólicos”, disse a diretora de políticas públicas do Estado do Tocantins, Mariana Rodrigues, durante o III Seminário Tocantinense de Justiça Restaurativa e II Encontro de Facilitadores Restaurativos, nesta sexta-feira (18/10), na), no auditório da Escola Superior de Magistratura Tocantinense (Esmat) .
A diretora foi a responsável pela apresentação do segundo tema abordado, sobre a "Justiça Restaurativa no Contexto das Políticas de Segurança Pública no Estado do Tocantins”, e apontou as ações que já vêm sendo aplicadas em projetos desenvolvidos, através da mudança de perspectivas.
Ela lembrou os ganhos e experiências à frente das Unidades Pacificadoras do Estado do Rio de Janeiro (UPPs/RJ), e a sua experiência com promoção de diálogos na Gestão de Pessoas, também no RJ, como também conversou com o público sobre o Plano Estadual de Segurança Pública e Defesa Social do Tocantins, que possui bases de práticas restaurativas e fomento à cultura da paz.
A diretora afirmou que devemos nos distanciar dos indicadores criminais e nos aproximar do seu real significado e contexto por detrás dos crimes. "A sensação de segurança é a compreensão de todas as pessoas afetadas. Os governos precisam repensar as suas políticas e ver que vale mais a pena a restauração dos conflitos".
A segunda palestra foi coordenada pela juíza Julianne Freire Marques, que disse aos participantes que há uma enorme busca de implantação da Justiça Restaurativa no Estado do Tocantins. "Isso nos abre um leque de oportunidades de trabalharmos em conjunto, e já passamos os contatos dos formados do curso de facilitadores para que atuem na promoção da solução de conflitos".
Projeto Agentes da Paz
Já na terceira e última palestra desta manhã, o tema abordado pela facilitadora restaurativa e pedagoga Eliene Dinis foi a “Justiça Restaurativa nas Escolas”, no qual explanou sua experiência e atuação no Projeto Agentes da Paz, realizado em escolas em Araguaína e que se estende também para outras instituições, como faculdades e demandas judiciais.
A facilitadora utiliza jogos e brinquedos para conversar com os alunos. Utilizando a comunicação não violenta, propõe aos estudantes a dialogar sobre seus sentimentos e necessidades. Além disso, trabalha também as questões de ansiedade e depressão com os alunos, sobre as construções de relacionamentos, e o desenvolvimento da escuta qualificada e de uma interação para a construção personalidade. “Se queremos uma sociedade de paz, isso deve começar dentro de nós. Os alunos não dialogavam mais, e depois do projeto existe um fortalecimento dos vínculos e a diminuição dos conflitos, inclusive do bullying. A participação da sociedade é eficaz.”, afirmou.
Ao coordenar a última mesa, a juíza Umbelina Lopes Pereira Rodrigues afirmou que o evento é uma oportunidade das pessoas que trabalham pela paz se reunir e se tornar seres humanos melhores. "Existe uma visão diferenciada dessas pessoas. A práticas restaurativas lutam para acabar com a assinatura de termos e para o aumento das conciliações". A coordenadora do Centro Judiciário de Solução de Conflitos de Araguaína (Cejusc) lembrou ainda que a luta é pelo próprio sistema, que, segundo ela, percebe-se que está se desenvolvendo, e isso que é o bonito da Justiça Restaurativa.
Programação
Pela participação como palestrantes e presidentes da mesa, todos receberam a certificação da Esmat. À tarde ainda haverá programação na sede da Escola Superior, com dois temas apresentados, sendo o primeiro sobre "Práticas Restaurativas e Humanização da Justiça" e o segundo sobre "Justiça Restaurativa e sua Aplicação no Direito Infracional". Além disso, estão previstas três oficinas de Círculos da Paz.
Texto: Natália Rezende / Fotos: Hodirley Canguçu
Comunicação TJTO