02/12/2024 -
18h49Função social do contrato é tema do Programa "Reflexões e Debates"Palestra foi do Advogado é pós-doutor em Direito, Economia e Negócios, Luciano Benetti Timm
O palestrante Luciano Benetti Timm, de forma remota, destacou a importância do conhecimento transdisciplinar na área do Direito ( Crédito: Euler Junior / TJMG )
O Centro de Estudos Jurídicos Juiz Ronaldo Cunha Campos (CEJ), da Escola Judicial Desembargador Edésio Fernandes (Ejef) do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), realizou, nesta segunda-feira (2/12), mais uma edição do Programa "Reflexões e Debates". Com o tema "Limites da revisão contratual: uma abordagem crítica da função social do contrato", a palestra do advogado, professor e pesquisador Luciano Benetti Timm ocorreu em formato híbrido, com transmissão em tempo real pelo canal oficial da Ejef no YouTube.
A atividade teve como objetivo fornecer ao público-alvo as condições para reconhecer os limites da revisão contratual pelos tribunais, em especial focalizando a dimensão da função social do contrato, citada no artigo 421 do Código Civil brasileiro, bem como os impactos de uma eventual intervenção nesses instrumentos para a segurança jurídica e a estabilidades das relações contratuais.
As discussões abordaram situações persas, como a revisão de contratos de locação e de serviços educacionais durante a pandemia ou eventos climáticos extremos, como as enchentes no Rio Grande do Sul; e impasses envolvendo serviços essenciais, como o acesso à saúde, o fornecimento de água e esgoto e energia elétrica. Luciano Benetti Timm também trouxe elementos do Direito Comparado para tratar da função social do contrato, que é uma singularidade do direito brasileiro, só tendo paralelos na legislação de algumas ex-repúblicas soviéticas.
Segundo o palestrante, cada vez se torna mais evidente a necessidade de que os juristas tenham formação na área de Economia e que, inversamente, os economistas tenham capacitação na área do Direito. Esta, por sua vez, demanda conhecimento interdisciplinar (entre os vários ramos e suas convergências) e transdisciplinar (com outros domínios, como a Economia, a Sociologia e a Psicologia).
Público foi composto por magistradas, magistrados, servidoras, servidores, assessoras, assessores, colaboradoras, colaboradores, estagiárias, estagiários e público externo ( Crédito: Euler Junior / TJMG )
Para Luciano Benetti Timm, que enfatizou a importância de que os tribunais criem áreas voltadas para a Estatística e a Economia para ajudar a subsidiar magistradas e magistrados na tomada de decisão, não é possível propor alterações legislativas ou mesmo interpretar e aplicar a lei sem levar em consideração os dados e evidências científicas. O estudioso citou, ainda, questões que, por vezes, afetam as julgadoras e os julgadores, como os vieses e a ideologização, e mencionou o risco de decidir sem que se ponderem as consequências das decisões judiciais.
Na área do Direito Econômico, Timm frisou que é importante diferenciar direito empresarial, comercial e do consumidor, bem como o Direito Civil e Privado e o Direito Público e Administrativo. Outra questão fundamental é observar a realidade e os fatos, não se prendendo a teorizações ou idealizações que, sem lastro no que efetivamente se verifica, acabem prejudicando mais do que beneficiando a sociedade.
Debate enriquecedor
Compuseram a mesa de honra o 2º vice-presidente do TJMG e superintendente da Ejef, desembargador Saulo Versiani Penna; a coordenadora do CEJ, desembargadora Maria Inês Rodrigues de Souza; e os desembargadores Marcelo de Oliveira Milagres e Leonardo de Faria Beraldo, qu atuaram como debatedores. Também estiveram presentes o diretor executivo de Desenvolvimento de Pessoas (Dirdep) do TJMG, Iácones Batista Vargas; a gerente de formação permanente, Lorena Assunção Belleza Colares; e a assistente executiva do CEJ, Eleusa Carvalho Rocha; além da equipe do Centro de Estudos.
Discussão abordou segurança jurídica, ambiente seguro para realização de negócios e liberdade de contratar ( Crédito: Euler Junior / TJMG )
O 2º vice-presidente e superintendente da Ejef, desembargador Versiani Penna, destacou a relevância do assunto e sua pertinência para o público especializado – magistradas, magistrados, profissionais do Direito, assessoras e assessores – e para o cidadão comum. "O tema é palpitante e importantíssimo, uma vez que ele molda a nossa própria convivência social. O sistema de contratação, seja ele escrito ou verbal, é aquilo que indica de que maneira nós vamos atuar na nossa sociedade", afirmou.
De acordo com ele, a atividade fomentou reflexão produtiva e foi conduzida por estudiosos que se caracterizam pela excelência em suas investigações acadêmicas e na atuação prática. "O professor Luciano foi brilhante nas suas colocações e teve um amparo maravilhoso dos nossos debatedores e da desembargadora Maria Inês. Cada edição do Programa contribui para a melhora das discussões e debates que vêm sendo empreendidos no Centro de Estudos Jurídicos. Além disso, esse aprofundamento representa um suporte qualificado para a comunidade jurídica como um todo, para servidoras e servidores, e é um auxílio para magistradas e magistrados, em sua missão de julgar e atender a coletividade", disse.
A desembargadora Maria Inês Rodrigues de Souza apresentou o palestrante, que é mestre e doutor em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com pesquisa de pós-doutorado na Universidade da Califórnia. Ela agradeceu ao professor Luciano Timm e aos colegas magistrados pela disponibilidade para participar do evento, manifestando o desejo de que novas colaborações do advogado e pesquisador com o CEJ se repitam.
Os desembargadores Marcelo de Oliveira Milagres e Leonardo de Faria Beraldo, ambos com livros e artigos publicados a respeito do tema debatido no Programa "Reflexões e Debates" desta segunda-feira (2/12), trouxeram provocações e perguntas sobre o assunto, com exemplos como a proposta de reajuste das mensalidades escolares durante a crise sanitária e a responsabilização de bancos sobre golpes praticados por estelionatários.
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